Ele vem... Ele vem todas as noites me acalentar.
Vestido de carmim e púrpura se deita sobre minhas costas e me faz suspirar.
Não sabe meu nome, nem eu sei o seu.
Não sabe falar, ou não fala porque não sabe o que falar.
Pretende o que de mim, o que quer de mim... Eu não sei.
Mas sua companhia me agrada e me satisfaz, e eu nunca quero mais e mais.
Cada pequeno traço que sinto naquela escuridão do meu quarto, sinto calor.
Prefiro sonhar ali com ele, a ter pesadelos com você.
Não vejo motivos para chorar, o que tiver de ser, será...
Às vezes me sento na cama e fico embriagado com seu halito da noite passada, doce, inebriante como o vinho.
Aí então acordo com o convidar dela para o jantar, mas você não está lá.
Aí então acordo com o convidar dela para o jantar, mas você não está lá.
Está, está sim, sentado ao meu lado da mesa.
Sento-me junto a você, lhe ofereço sopa... Todos riem: - está louco? – Ela diz.
Minha cabeça fica ali cabisbaixa por alguns instantes, respiro fundo: - você não o vê?
Ela olha pra mim, esboça desgosto: - Ver quem? , alguém que não importa pra mim, melhor deixar-me cega!
Ele chora, porque chora... A culpa é minha, falta-me razão e emoção, não consigo falar, apenas me levanto e junto com ele sigo meu caminho.
- Aonde pensa que vai?! – Ela grita. Eu com já com ar de louco, me irrito e naquela ânsia de paixão e tentação eu solto: - Eu o amo!
Todos na mesa se calam, o ar pesa sobre mim, me sinto carregado e fatigado, há tanto pesar nesse sentimento? Ele se levanta pega na minha mão e com um gesto simples no olhar faz sua despedida.
- Eu não quero que isso seja um martírio nem para mim, nem para minha família, mas ser diferente não me difere de ser humano, seja como for sou como você, amo, sofro, cuido, perco, e choro. - Ele diz a ela, e sem mais me dá um beijo e sai pela porta.
Ela fica ali parada, desconfiada, traída, seus olhos borbulham lagrimas de fera ferida. Ela se levanta, vai até o quarto, faz as malas e sai.
Perdi, estou perdido, a amava, mas o amei também, agora estou confuso nesse universo paralelo, porque as pessoas não podem me aceitar como sou, porque não aceitam minhas condições? Como vou acabar com essa crise existencial...? Olho para o armário da sala, eis que lá tem uma arma... Adeus.
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