Hoje fechei meus olhos, na tarde chuvosa e nublada, ouvi um som...pareciam pássaros voando, tentei abrir meus olhos enquanto pensava em você, não consegui, como uma venda estava a realidade naquele momento...então aquele som por um milésimo passou...abri meus olhos, respirei fundo, ACORDEI.
Não te vi do meu lado, e percebi que jamais o tive de verdade, será que um dia o terei...? Será que um dia terei alguém...?
E como estava deitada na cama daquele chalé...sentindo o frescor do orvalho nos pinheiros, decidi então caminhar por aquele bosque, talvez uma mera distração não fizera eu perceber que ali estava eu, atrás do perigo, eu queria tudo...poderia ser qualquer coisa que fizesse você sair dali, da minha cabeça.
Ouvi um uivo, senti um calafrio...uma mão deslizou em meu ombro, me virei era você...te abracei...quando íamos nos beijar...ACORDEI.
Novamente respirei fundo e tentando não chorar...uma lágrima escorreu pelo canto do meu olho esquerdo, a primeira em tempos que rolou abalada pelo meu coração, nunca sentira algo tão forte quanto esse tremor que sacudia meu corpo, me fazia tremer e suar...não sabia se estava viva ou se ia morrer ali mesmo na cama, se ao menos estivesse comigo morreria feliz...e satisfeita.
Não consegui encontrar razões para responder o porque daquelas lágrimas, me entreguei á solidão, fechei a porta do quarto, sentei no canto da cama perto do batente, abracei minha boneca que tinha ganhado no meu aniversário de 9 anos do meu pai...quem dera estivesse comigo ao menos para me abraçar e dizer: filha...
Chorei feito criança...nunca havia chorado tanto na minha vida, também não tivera razões para isso.
Começou a chover, a chuva está forte lá fora, pesada, cada gota parece uma pedra caindo no telhado...mas sei que estou protegida aqui dentro...quem dera protegido estivesse meu coração, de cada parte da vida que me arriscasse a amar.
Talvez fosse melhor me isolar desse mundo, dessas pessoas egoístas e inconstantes...seres que machucam o corpo, ferem a alma e matam o coração com palavras e gestos.
Preciso me recompor, abri a porta, vou tomar um banho...não...talvez, uma vez na vida não me mataria.
Abri a porta, a chuva estava caindo...agora uma garoa leve, o sol estava brilhando agora como jamais estivera antes, tirei o pijama, coloquei o vestido da minha formatura de 86. Lembro-me que estava chovendo muito naquele dia também, minha vontade era gritar de felicidade...ainda não conhecia o amor...queria pular na chuva com meus amigos, amigos que já não vivem mais...
Tirei meus chinelos, a grama estava quente...aquele solo macio, abraçava meus pés...a garoa caia em meu rosto misturando as lágrimas como um todo na minha face, escorria pelos meus lábios, a chuva doce e minhas lágrimas salgadas...fechei os olhos, me conformando e tirando conclusões do quão era bom estar ali...abri meus olhos e lá estava você com minha boneca na mão, encharcado de água, me estendeu a boneca, olhando fixamente tentei acordar, pisquei meus olhos mas era mesmo você, e naquela tarde de sol e chuva, com as gotas escorrendo pelas nossas faces, nos aproximamos, tentei falar...e com um beijo doce entre meus lábios salgados de lágrimas tristes, você me calou, enrolando seus dedos nos meus cachos molhados sussurrou em meu ouvido...ACORDE.
Abri meus olhos e lá estava você, deitado ao meu lado sorrindo...a porta se abriu de supetão e entraram nossos filhos pulando na cama e sorrindo...dizendo bom dia, comecei a gargalhar, estava tudo tão perfeito...como deveria ser...
Quem dera fosse para sempre, e hoje vendo as fotos do passado, só eu e os meninos...percebo que poderia realmente Ter sido tudo um sonho que se repetisse continuamente, por que sonhei tanto, se hoje você não está comigo, essa ânsia de amar...de te amar...bem que poderia estar sonhando novamente...acorde...acorde...acorde!
Porque você se foi...
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